Segmento do livro “108 contos e parábolas orientais” da Monja Coen, com o conto “Esvaziar-se”:
“Certa ocasião, um mestre zen recomendou a seu discípulo:
— Esvazie-se por dentro, siga o exterior.
— Como posso fazê-lo, mestre? – perguntou o jovem. E o professor respondeu:
— Vazio por dentro, seguindo o lado de fora. Esvazie-se e siga sem apegos ao eu individual. Relacione-se bem com as outras pessoas. Se completamente esquecer seu corpo-mente, penetrar a verdade e manter a prática de acordo com os ensinamentos, você será bom dentro e fora, no presente, passado e futuro.”
“O avesso deve ser tão bonito quanto o direito.”
Esta frase foi dita pela professora de costura dos mantos de discípulas de Buda da Monja Coen, Okamoto Shobun Sensei. Ela foi discípula de Sawaki Kodo Roshi, conhecido como o “monge sem-teto”.
A Monja Coen, neste capítulo do livro, diz que Sawaki era conhecido por ser muito cuidadoso em tudo que fazia, como por exemplo: ao tomar banho, molhava a sala de banho o mínimo possível, ao contrário de outras pessoas, que deixavam a sala de banho ensopada. A Monja complementa esta reflexão com uma indagação de sua superiora no Mosteiro Feminino de Nagoya:
— “Como você se comporta quando ninguém está por perto? Lembre-se de que Buda tudo vê. Se Buda vê, todos vêem.”
A introspecção é importante de ser exercitada, porém uma prática voltada para o exterior, que aprende a acolher o outro em suas limitações e que auxilia e facilita a vida em comunidade, é tão importante quanto. O que você é quando não se encontra em exposição e em observação, também compõe a sua totalidade enquanto ser humano e é importante que lembremos de exercermos o que pregamos, através de nossas práticas externas.